Artigo

Festas juninas de São Luís em 2024: Um Encontro de Tradições e Emoções

Por Adriano Almeida

Em São Luís do Maranhão, o mês de junho é marcado anualmente por um espetáculo sagrado e festivo que transforma a cidade em uma grande celebração. Em 2024, essa tradição se manteve viva e intensa, proporcionando semanas de fervor e magia onde tradição e espiritualidade se encontraram de maneira única.

Além de ser uma expressão cultural esplêndida, o Bumba Meu Boi é uma prática que remonta a uma trajetória histórica profunda e complexa. Originado da fusão de tradições africanas, indígenas e europeias, ele reflete a rica trama cultural do estado. Cada apresentação, canto e dança carregam narrativas de resistência, identidade e celebração.

As festividades começaram no início de junho, mas os preparativos iniciaram ainda no período da quaresma. O impulso maior veio com os batismos dos bois na noite de 23 de junho, seguindo em ritmo enérgico até o dia de São Marçal, em 30 de junho, e continuando em julho com programações complementares, culminando nos rituais de morte dos bois em datas definidas por cada grupo.

Especialmente na “semana grande”, entre os dias de São João e São Marçal, a cidade foi tomada por cores, sons e movimentos em um ambiente de brilho e alegria contagiante. Os batismos dos bois marcaram o início de uma jornada espiritual e festiva, onde cada grupo junino celebrou suas raízes e tradições de maneira única.

A celebração do Bumba Meu Boi é também um momento de profundo sincretismo religioso. A devoção aos santos juninos se mescla com elementos das religiões de matriz africana e das tradições indígenas, nos mistérios da Encantaria. Este encontro de crenças cria uma liturgia particular, que se expressa através das músicas, danças e rituais realizados durante as festas.

A festa abrange todos os cantos de São Luís, criando um forte movimento em torno da devoção aos santos juninos e encantados. Desde as áreas rurais e periféricas até os bairros mais centrais e abastados, há enorme participação e contribuição das comunidades, consolidando a riqueza cultural e a união dos grupos envolvidos.

Os arraiais são o coração das festividades. Espalhados por toda a cidade, esses espaços se transformam em palcos a céu aberto onde as apresentações encantam e envolvem o público. O Bumba Meu Boi permeia os mais diversos grupos sociais, dos mais humildes aos detentores do poder político e econômico, movendo multidões. Cada batismo e louvação é um momento de conexão espiritual, ressignificando a gratidão pela fé através de um espetáculo brilhante e comovente.

Diferentemente de outras manifestações religiosas que utilizam a mortificação do corpo como prova de fé, no Maranhão, a gratidão ao sagrado, também, se expressa pela alegria e pela festa, revivendo o Auto do Bumba Meu Boi. Esta é uma epifania de cores e ritmos que une as comunidades, celebrando as graças alcançadas com fervor. A continuidade dessa tradição, passada de geração em geração, mantém viva a memória e a identidade do povo maranhense.

Em 2024, observou-se, em alguns pontos, um aumento significativo de turistas curiosos em experimentar essa manifestação cultural rica. Essa presença traz desafios, como a necessidade de organizar melhor os espaços sagrados para garantir que as tradições sejam plenamente vividas pelas comunidades locais, que são as protagonistas das festividades. A interação entre turistas e a comunidade local deve ser cuidadosamente administrada para que os rituais e tradições não sejam comprometidos e a experiência dos visitantes seja recompensadora.

Destacam-se nesse contexto as festas de São Pedro e São Marçal, que atraíram milhares de pessoas às ruas em um clima de alegria, força e devoção, com uma relativa tranquilidade muito peculiar. As festas juninas em São Luís do Maranhão são mais do que um evento cultural; são uma manifestação da alma maranhense. Elas representam a resiliência, a criatividade e a profunda espiritualidade de um povo que celebra sua história e tradições com alegria e devoção. Fotografar e vivenciar esses momentos é uma honra que nos permite entender, valorizar e defender a riqueza cultural do Maranhão.

A seguir, compartilhamos com os leitores as fotos e textos de nossos fotoclubistas, que durante vários dias e em várias localidades da cidade se envolveram intensamente, acompanhando os rituais, arraiais e cortejos com a apreciação de quem não só observa, mas também faz parte da cena neste habitat comum a todos nós nesta cidade.


Festa das Águas

Por Alexandre Couto

A Igreja de São João Batista, localizada no bairro de Vinhais Velho, em São Luís do Maranhão, é a mais antiga da ilha e possui uma história rica e significativa, sendo um verdadeiro marco da fé e cultura locais. Originalmente construída em 1612 por índios e padres capuchinhos franceses, a igreja foi erguida em taipa e telha de barro. Ao longo dos séculos, a igreja passou por diversas reconstruções e reformas, até alcançar sua configuração atual. Em outubro de 1612, segundo historiadores, foi rezada a primeira missa na paróquia, marcando o início de uma longa tradição religiosa que perdura até os dias atuais.

A Festa das Águas é um evento anual realizado no Largo da Igreja de São João Batista, atraindo fiéis e visitantes de todas as partes da cidade. Esta festividade é marcada por uma série de rituais e celebrações que envolvem toda a comunidade, reforçando os laços culturais e religiosos dos moradores de Vinhais Velho. Um grande destaque é o Largo Cultural, com apresentações de Bumba Meu Boi, quadrilhas, bandas de forró e danças típicas.

“Muitos dos arraiais no Maranhão têm ganhado grandes estruturas, transformando-se em verdadeiros festivais, o que naturalmente é positivo para o turismo. No entanto, o Largo Cultural na Festa das Águas oferece um ambiente tradicional e familiar. As manifestações culturais ocorrem ao lado de um dos cenários mais charmosos da ilha, a fachada da Igreja de São João Batista, garantindo à festa um clima único.”


O Brilho da Festa

Por Emerson Baixada

Fotografar o São João do Maranhão foi uma experiência verdadeiramente inesquecível. Ao chegar, fui imediatamente envolvido pela energia vibrante das festas juninas. As ruas estavam decoradas com bandeirinhas coloridas, e o som dos tambores de bumba meu boi ecoava no ar, criando uma atmosfera mágica e única.

Um dos momentos mais marcantes foi capturar o brilho nos olhos das crianças durante as danças típicas. Vestidas com trajes coloridos e cheias de entusiasmo, elas se moviam com uma alegria contagiante. A expressão de felicidade pura nos rostos delas, enquanto giravam e saltavam, foi algo que me emocionou profundamente.

Outro instante inesquecível foi fotografar as apresentações dos grupos de bumba meu boi. A dedicação dos brincantes, que ensaiam o ano inteiro para esse momento, se refletia em cada movimento e canto. A combinação de cores vibrantes dos trajes, a intensidade dos ritmos e a força das vozes criava uma cena de tirar o fôlego. Ao registrar esses momentos, senti-me parte de algo maior, uma celebração coletiva de cultura e tradição.

Cada clique da câmera foi um mergulho nas histórias e emoções do povo maranhense. Fotografar o São João do Maranhão não foi apenas um trabalho, mas uma imersão profunda em uma das festas populares mais belas e ricas do Brasil. As imagens que capturei não apenas contam uma história, mas também carregam a essência de um povo que celebra sua identidade com orgulho e paixão.


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Por ordem alfabética:

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Júlio Magalhãeshttps://www.instagram.com/ja2_photos/


Patrícia Almeidahttps://www.instagram.com/patricia.castro_fotoart/


Sammira Ferreirahttps://www.instagram.com/sammiraverde_photos/