O Ensaio Vaqueiros Maranhenses, de Adriano Almeida, membro do Fotoclube Poesia do Olhar, foi selecionando para o Festival de Fotografia de Paranapiacaba, que ocorrerá nos dias 15 e 16 de setembro de 2018. Mais informações sobre o festival em https://www.festivalfotoparanapiacaba.com.br

Sobre o ensaio:

Vaqueiros Maranhenses

ENSAIO de Adriano Almeida

A Área de Proteção Ambiental (APA) da Baixada Maranhense é uma Zona Úmida de Interesse Internacional, conforme adesão do Brasil à Convenção de Ramsar (1971) e faz parte da Rede Hemisférica de Reservas para Aves Limícolas, pois é refúgio de aves migratórias em rotas internacionais e abrigo de espécies ameaçadas de extinção como o peixe-boi.

A riqueza da fauna e flora a coloca no mesmo patamar de importância do Pantanal Matogrossense, do Araguaia, do Atol das Rocas e outros ecossistemas de grande relevância no Brasil e no mundo.

Na APA da Baixada o ciclo das relações das ecológicas abrigados nos seus Campos Naturais é um dos fatores responsáveis pela impressionante abundância e diversidade de pescados que alimentam a população do Maranhão e povoam o Oceano Atlântico no norte do Brasil, garantindo a sobrevivência de milhares de pessoas.

Os Campos Naturais são vastas planícies alagáveis que margeiam o baixo Rio Mearim e o estuário da Baía de São Marcos, no litoral do Estado do Maranhão.

Atualmente esta área está sofrendo grande ameaça de desastre ambiental de terríveis proporções derivado da cobiça dos criadores de camarão em fazer dos Campos Naturais da Apa da Baixada Maranhense a nova fronteira para a carcinicultura no Brasil, com riscos de grande impacto fartamente relatados na literatura científica no mundo inteiro, caracterizando-se esta atividade econômica como uma das principais ameaças aos Manguezais e Zonas Úmidas no Brasil.

Segundo o Atlas dos Manguezais do Brasil (2018, p.09), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade — ICMBio, “estima-se que aproximadamente 25% desse ecossistema (manguezal) já tenha se perdido no país, devido principalmente à carcinicultura e ao desenvolvimento costeiro inadequado.”

Esta série fotográfica apresenta imagens da relação estabelecida pelas comunidades “da Beira do Campo”, como são conhecidas aquelas que vivenciam os Campos Naturais da APA da Baixada Maranhense há gerações, retratando as peculiaridades desse convívio secular e as adaptações necessárias para se bem viver frente aos ciclos do ecossistema local.